terça-feira, 16 de março de 2010

Relicário de lembranças

Meu coração é um relicário
Onde bem guardadas estão
Mil memórias, um antiquário
Repleto de sonhos e paixão.
Lembranças do passado glorioso
Vividos pelos paulistas
Onde honra, garra, amor zeloso
Se entrelaçam com as treze listas.
Este pendão sacrossanto
Que representa nosso Estado
Vemos com grande encanto
Ser por todos respeitado.
São sete listas negras de luto
E seis brancas de amor e paz
Que o paulista impoluto
Empunha corajoso e veraz.
Wanda Duarte da Silva

Espera

Foram dias, noites, meses que passaram em vão
Foram noites mal dormidas
Foram dias sem significado
Foram horas de espera
Por alguém que não chegava
Foram momentos de grande saudade
Ferindo a pele, esmagando o peito
Sufocando até a alma
Foram dias e noites de solidão, vazio,
Enorme sofrimento
Sua falta me feriu como uma navalha
Retalhando a carne
Cheguei a pensar que fosse morrer
Que sem você não conseguiria viver
Foi num cair de noite que você apareceu
Como num sonho, me trazendo a vida
Que pensava em ter perdido.

Vanda Aparecida Paula

Invasão

De início, eles chegaram devagarzinho,
Fingindo amor e carinho,
Com jeito de gente fina.
Roubaram plantas e levaram mudas
Em nome da medicina,
Pra fazer experiências,
E sempre querendo mais.
Aos poucos foram ficando,
Comprando terras e explorando
As ricas matas banhadas
Pelo rio tão famoso,
Berço de muitas lendas,
Forte, belo e poderoso,
Senhor de bruxas e fadas.
O povo humilde e simplório
Não teve desconfiança,
Abriu as portas modestas
De suas casas na floresta,
Para abrigar forasteiros.
E os marotos, ligeiros,
Tomaram conta de tudo.
A selva foi desmatada,
As moças logo embuchadas,
Desfilavam todas prenhes,
Em seu ventre carregando
O fruto do aventureiro
Que tudo foi conquistando.
Pobre povo brasileiro!
A terra ganhou inchaço,
Madeira foi posta abaixo
Sem respeito a sua nobreza.
Nosso petróleo arriscado,
Sem governo, sem defesa,
E os bichos raros, caçados,
Fugiram da natureza.
As que foram estupradas,
Pariram muita vergonha,
E ao enfrentarem as ofensas,
Diziam com inocência,
Apontando o rio imenso
Que ruge aqui e acolá,
Foi nosso boto, sinhá!

Rosa Maria de Brito Cosenza

Canto a Orfeu

Vasculhou abismos, rondou tabernas, encontrou-me.
Com sua lira seduziu-me.
Rasgou minhas vestes, habitou minhas entranhas,
bebeu dos meus encantos e se embrenhou nas trevas.
Em que fantástico canto ouvirei outras promessas de vida?
Em que sombrio mundo se escondem as esperanças perdidas?
Vem, Orfeu! Renova a tua milenar proeza.
Toca a tua lira e com teu canto que me encanta
resgata-me deste inferno que me devora.
Vem, fala-me do amor que enaltece a vida,
canta o prazer, desperta os demônios
que acendem a tocha da felicidade!
Chega de mansinho,
mas faça explodir com gestos e palavras
o teu ousado carinho.
Não olhes para trás.
A porta está aberta, o meu corpo te chama
e ninguém é condenado porque ama!

Rita Mourão

Trovas Diversas

Agradecendo

Minha alma está agradecida,
com as bençãos do Bom Deus!
E pela prece atendida,
de todos os amigos meus!!!

Meu ritual

Cumpro sempre um ritual
quando começo o meu dia...
Chamo o bem, espanto o mal,
rezando trova e poesia!...

Meu apreço

Me considero feliz,
pois, após o amigo Deus;
Prezo a familia que eu fiz...
e muito, os amigos meus!

Trovalinda

A vida por mais bonita,
com todo seu florescer,
não é mais linda e catita,
do que a trova em seu nascer!...



Rosa morena

Pensei existir aqui,
quatro tons de rosa apenas.
Mas, quando te conheci,
díscobri rosas morenas!

A Ribeirão Preto

Ribeirão Preto é cultura
toda noite, todo dia
pois com arte ela emoldura
seus recantos com poesia!


São Paulo

São Paulo é a locomotiva
do chamado trem Brasil
e, em tudo ele sintetiza
o maior do ano dois mil!


Cruzada de paz

Fazendo trovas de paz
contribui trovador
nesta cruzada que faz
criar anseios de amor!


Tudo é poesia

Em tudo vejo poesia!
Na lua, no sol, no mar
no clarão de um novo dia
na flor a desabrochar!


Trova ternurada

A cada trova que faço
transita no coração.
E, ternurada repasso
a todos, com emoção!


O livro

Alem de bom companheiro
o livro é igual anjo irmão!
indica a luz e o roteiro
completando a educação!


Casa do poeta

É a melhor receita pois,
para encontrar amizade:
Casa cento e oitenta e dois
da rua da liberdade!!!


Othiniel Fabelino de Souza
OEFE SOUZA

Sensibilidade

Jogos de vai e vem... Olhos murmuram saudade, brilho no encontro,
lábios sugerem... Corações se encontram...
No corpo a entrega do que já não pertence
No vai e vem o recebimento da luz, do escondido...
No bailar o reencontro acontece...
Selado pela palavra não expressa, a chama revela.
No vai e vem da valsa
Duas mãos, dois corações, quatro olhos...
Embalados pela magia
Escrevem o futuro
Diante de aplausos nasce o amor
No cálice interior: a chama vive!

Maris Ester Aparecida de
Souza

Água Santa

Água santa
Vem da nascente
Forma corrente na ribanceira
Corre montanha
Desce ladeira
Chega ao rio na pedra da lavadeira.
Água santa
Chora e canta pelas veias do sertão
Ora molha as flores dos campos
Ora a várzea em solidão
Lava o rosto da moça faceira
De saia rodada e face trigueira.
Água santa
Molha os roçados sem distinção
Faz felizes os animais e verdeja a plantação.
Será farta a colheita, trigo em profusão
Não faltará comida, não faltará o pão.
Tenha amor pela terra, pelas matas pelos rios
Pela natureza sem fim
São vidas que nos rodeiam e nos fazem felizes assim.
Virão seus descendentes, saberá de tudo cuidar
Com amor e trabalho a água não há de faltar.
Água santa chegou ao rio, passou por muitos cuidados
Período de decantação
Vem na torneira dourada lavar a sua mão.
Cuidado com a água santa
Ela mata a sua sede e bate seu coração.
Maria Luzia Misuraca
Graton

Cinzas

Na lembrança de nossas vidas
No cruzamento de nossos sonhos
Revivo as cicatrizes das feridas
Resultantes de um amor vivido
Que não fora mais que ilusão.
Num frenético vai e vem
De tentativas
Num sentimento ferido
Pela vida dividida.
Busco uma volta, talvez curativa
Que embaça-me o ser
Navego num mar de incertezas
Sinto-me bater e voltar
Num êxtase de dúvidas
Visão salpicada de estrelas
Confundem a mente.
Para libertar-me procuro a lua
E esse luar onde está?
E nesta ciranda constante
Na missão de recompor-me
Num enlevo reconfortante
Entrego-me com ternura
Neste espaço virgem
Para terminar a minha cura
E viver sem ti.

Leda Pereira

Pobreza de Espírito

Tantas pessoas no mundo
se achando sempre as tais...
Por isso mesmo a miséria
aumenta cada vez mais.
Vejo pessoas que chegam
se julgando importantes,
com um nariz arrebitado,
como se fossem gigantes.
Até no jeito de andar,
revelam a arrogância...
Quanta pobreza de espírito!
Quanta jactância!
Caminham olhando pra cima
com olhar de superioridade,
sem saber que o que merecem
é apenas piedade.
Irene Coimbra de Oliveira
Cláudio

Deus

Onde estás que te busco dia e noite
Será minha mente na minha
Inocência não sei te buscar
Oh!Deus aqui tão perto e alerto
Com todo meu anseio e meu desejo de fé
Uma fé ardente e ofegante
O homem aqui na terra sofre
Com a falta de tua ajuda
Aqui reina a fome e a injustiça
A falta de humanidade
Teus filhos do Norte sem chuva
Mesmo sendo castigados
Trazem no peito aquela fé
Que o Senhor vai ajudá-los
A matar sua sede e sua fome
Oh!Deus protege teus filhos
Nós te procuramos dia e noite
Não nos abandones nesta súplica
Ouve a voz neste momento
E atende este pedido em forma de poesia
Imaculada Conceição dos Santos Silva,

Coisa Boa

Coisa boa é ver...
A estrela luzindo
a flor se abrindo
a mulher parindo
a criança sorrindo
a primavera surgindo
um novo alvorecer ...
Coisa boa é sentir...
o bem emergir
o mal sucumbir
o amor resistir
a poesia fluir
um novo porvir...
Coisa boa é sonhar ...
com ondas do mar
praia deserta
noite de luar
a pessoa certa
a porta entre aberta
amar, desamar...
Helena Aparecida Ferreira Agostinho

Lua dos Amantes

Era noite, o rio que corre.
Nas brandas águas,
deslizando o barco.
A lua cheia no céu desponta
E com seu clarão espanta a nostalgia
Que tanto os amantes se encantam.
Banhandoas águas prateada
que enamoram corações.
Na ânsia de ter ao seu lado
Olhando a lua refletida na água
vem a inspiração,amada
Formando teu corpo sereno,
que o peito anseia
E com ele arrastado na rede
Vi nascer e crescer minha sede
E o amor te trouxe
puro, guardado do passado.
O futuro restaura o presente
Que vai além rio.
Sem parar, se perde na visão
E vejo a lua próxima.
E só assim posso tocá-la.
A lua que dos amantes
És guardiã
Segredos.
Gina Higino

Dúvidas

A cidade era invisível.
Os pensamentos se escondiam
Por trás das portas fechadas.
As dúvidas caminhavam...
Formigas irrequietas.
Subiam e desciam as paredes.
Perdiam o rumo.
Procurando incessantemente.
Um pretexto para descobrir
O destino sensato.
Precisavam seguir...
Até tropeçarem na lucidez.
No chão escorregadio da realidade.
Inútil o caminho, desistiram.
A cidade era invisível.
Vazia.
Sem futuro.
Com almas sem nome.
O destino sensato.
Precisavam seguir...
Até tropeçarem na lucidez.
No chão escorregadio da realidade.
Inútil o caminho, desistiram.
A cidade era invisível.
Vazia.
Sem futuro.
Com almas sem nome.
ESCRITORES INDEPENDENTES 77
Elisa Alderani

Saudade

Saudade,
Esta dor de não sei o que.
Esta dor de fartura e falta.
Esta dor sem remédio.
Uma, nem bem se cura,
E já vem outra a nos cutucar.
Saudade que ocupa a mente.
Saudade que curva o corpo.
Saudade que encurta a vista
De tanto procurar,
Em velhos catálogos,
Um número qualquer,
Perdido.
Saudade que dói doída
Faz-me sentir viva,
Lúcida.
Pois se a tenho, saudade,
É porque a vida é bem vivida.
Deixa marcas de alegria,
Gostos de quero mais,
Sonhos de próximos capítulos,
Planos de acontecer,
Para de mais saudades sofrer
Eliane Ratier

Palavras ao Vento

Palavras vêem e vão
Macias, doces, carinhosas
Ou ferinas, duras, mald osas,
Muitas vezes mal usadas,
Travando toda emoção...
Palavras que vão e vêm
e que do peito não saem
Muitas vezes ferem, maoam,
Deixam a alma machucada..
Palavra que acalma, serena
Palavra que vale a pena,
Palavra mágica, brilhante,
Perseguida pelo poeta,
Mas que nem sempre define
Sua emoção mais dieta...
Palavra dita sem pensar
Palavra queo vento leva
Muitas vezes vai voltar
Perdida e sem reserva...
Palavra tão eve, tão boa
Que, com bom senso usada
Transforma homens e nações...
Edina Duarte Silva do Prado

Amém

Ninguém é de ninguém
O tudo e o nada também
Neste mundo de vai e vem
Não se sabe quem é quem
Todos querem chegar aos cem
Muitos tentam e ficam sem
Há os que buscam até no além
Querendo o que lhe convém
Procuram e esperam, mas não vem
Esquecendo de um porém
Que o preocupante não é ser ninguém
Ou que o importante é ser alguém.
O principal é o que se tem
O bom mesmo é se sentir bem
E sorrindo poder dizer: AMÉM.
Deugrácias Benedito de Toledo

“Círculo Vicioso”

O cachorro,
nunca vi olhar mais terno,
era carícias em pêlo
até começar a briga com o mosquito
trazido pela brisa
que também balançava as folhas do coqueiro
e da invejosa trepadeira
O pardal saltitava buscando
restos de alimentos e a água do cachorro
A natureza perfeita encadeando energias suaves
em clara manhã inesquecível !
Eu e tudo que Deus fez
recobertos pelo impecável céu azul
Retive para sempre estes momentos
Impossível desencadear o bem semeado...
para sempre está em mim a Paz
Cléo Reis

Frutos do meu Ventre

Frutos das minhas entranhas
Doces sabores da minha vida
Luzes do meu amanhecer
Aconchego do meu coração
Sinto o calor de suas peles
Formadas: células por células
Minha outra metade
Parte de mim rumo a vocês
André, Adriana e Andrea
Razão do meu viver
Orgulho desta mãe
Que caminha pela vida
Apreciando estes bem querer
Não tem preço que pague
O nosso reviver!
E quando na calada da noite
Vejo-os adormecerem
Sinto-me enaltecida
Nesta terra querida
Um dia lhes conceberem
Maior presente de Deus
Dádiva divina,
Peço a virgem Maria
Que lhes guardem noite e dia
Pois é assim que se cria
E é assim que quero dizer:
Frutos do meu ventre!
Célia Regina Andreoli

Tempo

Tempo de paz
Tempo de alegria
Tempo de luz
Tempo de Harmonia!
Tempo de justiça
Tempo de Flores
Tempo de amores
Tempo de conquistas!
Tempo que o vento leva
Tempo que não volta mais
Tempo que o relógio marca
Tempo que ficou para trás!

Célia Regina Andreoli

A Jardineira Geométrica

Divago no passado e nos devaneios,
volto ao velho casarão da fazenda
querendo reencontrar a vida,
longe dos frascos e da alquimia,
unindo o passado e o presente.
Deparei aquela pequena gleba de chão,
assimétrica e quase sem vegetação.
Obedeci a dimensão que a mim pertencia,
busquei na água amolecer a solidão,
dando formas aos meus intentos...
Lancei sementes da esperança!
Nesse espaço desenhei
um quadrado de hortênsias
a pirâmide de margaridas,
um losango de arbustos
para abrigar os ninhos de beija-flor
o círculo bem no meio sorria...
A jardineira pioneira entretia-se
com a lida do seu jardim
borrifadas por um olho d’água.
Muitos pássaros banhavam-se
nesse poço corrente e manso
foi assim que devolveram a vida pra mim!
Célia Aparecida Silli Barbosa

Palmeiras Imperiais

Palmeiras da minha terra,
Em solo fértil lançadas
Esguias, dengosas
O tempo as conservou
Em eterna juventude
Palmeiras da minha terra,
Dos meus encantos
Da minha querida infância
Me viram criança
Me viram crescer
Imóveis mas com carícia
Me cerceavam
Em tuas sombras brincando
À beira do ribeirão
Debruçada nos balaústres
As águas corriam...
Corri no tempo, o tempo correu...
Corremos em paralelas,
Em disparada.
Palmeiras da minha terra,
Dos meus encantos,
Da minha infância
Da minha Ribeirão Preto
Passaram o século e o milênio
Unidas ultrapassamos,
Acompanhando o progresso
Deste pólo grandioso
Restando a saudade, sem regresso!

Aparecida Malachias Gasparini

Ode À Figueira Praça XV

Introduzida na terra,
Solo alavancaste
Base suplantaste
Fortalecida, energética
Envolvente, majestosa
Expandiste, emocionaste
Gerações ultrapassaste
Multiplicaste dotes, encantos
Compuseste
Recompuseste
Impuseste.
Vertiginosamente
Se despeja e se expõe
Em permanente contemplação:
À luz do Sol
Ao azul do céu
Ao frescor da Chuva
À escuridão da noite
À beleza da Lua e estrelas.
Integra e interage na natureza
Consolidando equilíbrio ecológico.
Abriga, embala,
Propicia sombra, frutos.
De corpo e alma revestida
Tens a capacitância
De doar sem nada exigir.
És presença de que se faz presente!
Tu, exuberante figueira centenária
Tens nobreza e postura altaneira

Aparecida Malachias Gasparini

Borboleta

Borboleta
A primavera está chegando
O jardim já está florindo
O sol intenso raiando
Destacando o belo colorido
Uma mistura de aromas sem igual
Pássaros cantando felizes
Tudo lembra um recital
No cenário um show de matizes
Em um casulo pequeno
O grande espetáculo acontecia
Uma lagarta morrendo
Um lindo par de asas surgia
O momento é de decisão
Ela não pode errar
Lutar pela libertação
Ou perecer naquele lugar
Transformou-se em borboleta
Pois é guerreira destemida
Vai voar pela vez primeira
E aproveitar as belezas da vida

André Luiz da Silva