De início, eles chegaram devagarzinho,
Fingindo amor e carinho,
Com jeito de gente fina.
Roubaram plantas e levaram mudas
Em nome da medicina,
Pra fazer experiências,
E sempre querendo mais.
Aos poucos foram ficando,
Comprando terras e explorando
As ricas matas banhadas
Pelo rio tão famoso,
Berço de muitas lendas,
Forte, belo e poderoso,
Senhor de bruxas e fadas.
O povo humilde e simplório
Não teve desconfiança,
Abriu as portas modestas
De suas casas na floresta,
Para abrigar forasteiros.
E os marotos, ligeiros,
Tomaram conta de tudo.
A selva foi desmatada,
As moças logo embuchadas,
Desfilavam todas prenhes,
Em seu ventre carregando
O fruto do aventureiro
Que tudo foi conquistando.
Pobre povo brasileiro!
A terra ganhou inchaço,
Madeira foi posta abaixo
Sem respeito a sua nobreza.
Nosso petróleo arriscado,
Sem governo, sem defesa,
E os bichos raros, caçados,
Fugiram da natureza.
As que foram estupradas,
Pariram muita vergonha,
E ao enfrentarem as ofensas,
Diziam com inocência,
Apontando o rio imenso
Que ruge aqui e acolá,
Foi nosso boto, sinhá!
Rosa Maria de Brito Cosenza
terça-feira, 16 de março de 2010
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